Papai Noel existe? – O que o Cristão Responderia para a Criança?

Papai Noel pode sim desviar a atenção das crianças, impedindo que elas experimentem a graça de receber o Menino Jesus.

“onde está o teu tesouro, lá também está teu coração“.

Mt 6,21b

História de Como Surgiu a Figura do Papai Noel

Longe de mim querer justificar, tão pouco de santificar esse mito que é o Papai Noel. Mas, convém saber que ele foi inspirado pela vida da pessoa real de São Nicolau de Mira.

Nascido por volta do ano 270, São Nicolau foi bispo e se tornou conhecido por ser instrumento de muitos milagres e, sobretudo, por sua ardente caridade.

São Nicolau de Mira herdou uma grande fortuna de seus país. Porém, ele não reteve essa graça para si, mas usou dela para socorrer muitos pobres e necessitados. Esses irmãos padeciam com a fome e chegavam a precisar entregar filhos como escravos por conta das dívidas.

E esse homem de Deus, além de taumaturgo e caridoso, também era extremamente humilde. Por isso, distribuía os seus presentes em segredo. Muitas vezes, nem mesmo os próprios beneficiados sabiam de onde tinha vindo aquele saquinho de moedas, pois São Nicolau ficava satisfeito em pensar que aquela família glorificaria a Providência Divina.

Com o passar dos séculos, as histórias de São Nicolau de Mira foram contadas e recontadas, até que se tornaram o conto do Papai Noel, chegando a perder quase tudo da essência cristã, para melhor servir aos interesses do comércio e da indústria. Essa lenda está profundamente enraizada na cultura de muitos povos, inclusive na cultura dos brasileiros.

O Papai Noel Rouba o Espaço que é de Jesus

Há controvérsias ao que diz respeito aos benefícios adquiridos e males sofridos ao sustentar essa fantasia.  Por um lado, se diz que as crianças aprendem a esperar, por outro, que ficam frustradas quando descobrem que o bom velhinho não vem. Alguém poderia até levantar os efeitos desse faz de conta sobre os adultos, que possivelmente alimentam a ideia de que precisam dar presente para aos filhos para que todos possam permanecer felizes.

Contudo, para nós católicos e os demais cristãos, existe algo que não pode ser compensado por nenhum benefício e, também, dificilmente será menor do que algum mal: O Papai Noel rouba o espaço do Menino Jesus.

Sabemos que crianças aprendem muito mais com atos do que com palavras. Levando isso em consideração, imagine uma criança que é levada a esperar um mês inteiro pelo Bom Velhinho. E essa criança é estimulada a ter atitudes que agradam esse Bom Velhinho, como passar de ano, fazer pequenas tarefas domesticas, não brigar com o irmãozinho etc. No final, aquele presente tão desejado aparece “milagrosamente”, tornando palpável aquilo que só a “fé” justificava. Hora, claro que a figura do Papai Noel vai acabar se tornando muito relevante para essa criança.

E quanto ao Menino Jesus? Bem, Ele vai ter de fazer muita força para ter algum espaço no coração daquela criança. “Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração” (Mt 6,21). Mesmo com pais que vivam fortemente o tempo do advento, essa preparação para o Natal do Senhor, o coração daquela criança estará dividido e provavelmente terá mais inclinação para o Velhinho Simpático, afinal, se já é difícil atrair a atenção das crianças para uma novena ou uma Missa no tempo comum, imagine quando ela tem outra coisa tão “interessante” para a qual voltar o coração.

O Perigo de Esquecer o Menino Jesus

“a boca fala do que está cheio o coração”.

Mt 12,34b

Viver a fantasia do Papai Noel enche o coração das crianças, de tal modo que, elas podem até compreender que o nascimento de Jesus é importante, mas elas acabam se preenchendo com o Papai Noel, que é divertido e oferece recompensa imediata.

Ou seja, nós estamos permitindo que uma lenda ofusque a glória de Deus, o que pode causar sérios prejuízos para a vida espiritual das crianças, que perdem a oportunidade de, já cedo, fincarem raízes na Verdade Encarnada. Na juventude elas terão chance de recuperar o tempo perdido, mas, antes que isso aconteça, já que as suas raízes não estarão firmes em Deus, elas poderão também acabar sendo capturadas por alguma dessas armadilhas espalhadas pelo mundo.

Me vem à mente a comparação que um irmão fez ao falar do Papai Noel para o filho dele:

“imagine que está acontecendo uma festa de aniversário, mas o palhaço é tão ‘apresentado’, que os seus convidados simplesmente esquecem o aniversariante e passam a dar atenção apenas ao palhaço. Pois bem filho, Jesus é aquele aniversariante que ficou esquecido e Papai Noel é esse palhaço que estragou a festa”.

Como Falar Sopre Papai Noel com as Crianças

Acredite, você não vai destruir a infância de seu filho ao lhe dizer que o Bom Velhinho é apenas uma lenda. Por outro lado, os apelos do mundo são muito eloquentes nessa época do ano. Não adianta apenas negar que Papai Noel existe, pois ele está em toda a parte. Então, é preciso resinificar essa presença, para que as nossas crianças possam lidar com ela de modo saudável.

Nós não precisamos ser rudes com nossas crianças e obriga-las a renunciar o Papai Noel. Mas, devemos deixar bem claro que ele é uma lenda, um mito, uma brincadeira. Podemos dizer assim: “filho, o Papai Noel é como o Super-homem e o Batman. Eles não existem, mas você pode se fantasiar para ficar brincando de super-herói com as pessoas”. Partindo desse ponto, nossos filhos ainda vão se divertir bastante, porém, o Velhinho Bonachão já não vai ter tanta força.

Mas não basta apenas esclarecer a lenda do Papai Noel. É preciso confirmar os valores do Evangelho. Algo de grande eficácia seria contar a história de São Nicolau de Mira, a qual exponho rapidamente no início desse artigo. Outros autores vão chamar São Nicolau de “O Verdadeiro Papai Noel”, mas todos sempre deixam claro: o Santo existiu de verdade e o seu testemunho é maravilhoso, enquanto que o Noel é apenas uma lenda.

Assim sendo, ainda no sentido de promover os valores do Evangelho, brincar de Papai Noel não precisa implicar em ganhar aquele presente tão desejado. Certamente, pode ser apenas um presente mais simples ou até mesmo um docinho. Outra coisa bonita é quando os familiares trocam cartinhas entre si. É uma bela forma de expressar o que um deseja para o outro (paciência, saúde, sucesso, pontualidade, alegria, paz etc).

Viver o Verdadeiro Espírito Natalino

Sim, até para as crianças, brincar de Papai Noel não precisa ser apenas receber presentes. Os filhos podem dar presentinho para os pais também. Melhor ainda, que bom seria sentar com os nossos filhos e os ajudar a pensar em alguém, próximo ou desconhecido, a quem eles vão presentear. Se não um presente, talvez essa pessoa prefira receber uma cesta básica, ou ser convidada para a ceia de Natal. Fica também a ideia de realizar um despojamento: o seu filho escolheria um brinquedo ou uma peça de roupa que ele goste e ainda esteja usando para oferecer para alguém.

Por fim, se não queremos que o Papai Noel tome o lugar do Menino Jesus no coração de nossos filhos, o mais importante de tudo é o nosso testemunho. Vivamos intensamente a preparação e o próprio Natal. Celebremos essa festa com amor e fervor. Participemos das Missas, façamos novenas junto com os nossos grupos de oração, reunamos a família para montar o presépio em nossa casa. Quando nossos filhos perceberem que todo esse movimento é importante para nós, aos poucos eles serão envolvidos pela alegria do verdadeiro Espírito do Natal.

Que nós não percamos a chance de, já cedo, termos filhos que adoram a Deus e Nele encontram o seu refúgio, Nele fincam as suas raízes. Um feliz e santo Natal do Senhor para todos!

Para lhe ajudar um pouco mais a meditar sobre o verdadeiro Espírito Natalino, indicamos a leitura do artigo O Amor Empresta Sabor.

Por Márcio Martins

Referências:

• Bíblia da editora Ave-Maria
• ofielcatolico.com.br
• padrepauloricardo.org
• cancaonova.com
• uol.com.br